23/01/2014 22:29
Com o documento em mãos, a etapa seguinte é aprofundar os levantamentos, e a perspectiva, conforme o dirigente, é de que, em doze meses, sejam concluídos os trabalhos de Eia-Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental). Finalizada essa fase, dentro desse prazo, as obras deverão ser licitadas em 2015. Após o início das construções, a entrada em operação das usinas é estimada em cinco anos.
Os aproveitamentos hidrelétricos de Garabi e de Panambi totalizarão cerca de 2,2 mil MW de capacidade instalada (mais da metade da demanda média de energia do Estado) e devem absorver investimentos de aproximadamente US$ 5,2 bilhões. Os estudos estão sendo conduzidos pela Eletrobras, com a estatal argentina Ebisa. As empresas contrataram o Consórcio Energético do Rio Uruguai para operacionalizar os trabalhos. O consórcio, que começou suas atividades em maio de 2013, é formado pelas empresas Consular, Engevix, Grupo Consultor Mesopotamico, Iatasa, Intertechne e Latinoconsult.
Sobre outro insumo energético do Rio Grande do Sul, o carvão, Cardeal admite que a termelétrica Candiota 2 (constituída das chamadas fases A e B e administrada pela CGTEE, uma controlada da Eletrobras) necessitará passar por melhorias. “A fase A está superada em termos de eficiência e deve ser descontinuada e substituída por novas máquinas, mais eficientes”, adianta o dirigente. Já quanto à fase B, o diretor da Eletrobras comenta que haverá uma correção ambiental.
Cardeal reitera que o carvão é uma importante fonte de energia e não se deve abdicar dessa opção. Somadas, as fases A e B representam uma capacidade instalada de 446 MW. O diretor de geração da Eletrobras esteve ontem em Porto Alegre para a apresentação de resultados do convênio firmado entre a companhia e a Fiergs visando promover a eficiência energética nas indústrias de médio porte do Rio Grande do Sul.
Na ocasião, Cardeal defendeu o uso racional, com conservação e economia de energia, que o dirigente adianta que será cada vez mais difícil de ser gerada e cara. Ironicamente, após o diretor pronunciar esse discurso, houve uma interrupção do fornecimento de eletricidade na Fiergs. Com o retorno da luz, o chefe do Departamento de Projetos de Eficiência Energética da Eletrobras, Fernando Perrone, detalhou que 83 empresas ingressaram no programa, e 39 companhias concluíram o processo. O convênio, encerrado em dezembro de 2013, teve a duração de cinco anos e recebeu aporte de cerca de R$ 1 milhão, sendo 75% arcados pela Eletrobras e 25% pela Fiergs.
O projeto teve como foco o treinamento de profissionais para a redução de perdas nos chamados sistemas motrizes, que correspondem a 62% da energia elétrica consumida pelas indústrias. Conforme Perrone, as empresas atingiram uma economia de 4,8 GWh/ano, o que corresponde a cerca de 0,12% da energia gerada pela usina nuclear de Angra 1 no ano passado, ou ao consumo de um município com cerca de 4 mil habitantes.
Uso consciente pode diminuir o consumo industrial
Em média, as empresas do segmento industrial podem reduzir em aproximadamente 20% o consumo de energia com práticas de eficientização energética, calcula o chefe do Departamento de Projetos de Eficiência Energética da Eletrobras, Fernando Perrone. “Isso permitiria a essas companhias aumentarem a competitividade”, enfatiza.
Uma das medidas frequentemente tomadas para diminuir o consumo pelas indústrias é a substituição de motores. Porém, Perrone salienta que, antes de adotar uma atitude como essa, é importante analisar a forma como os equipamentos estão sendo usados. É indicado fazer antes uma avaliação sistêmica dos processos industriais, até porque, muitas vezes, os motores já adquiridos pela empresa ainda não foram amortizados. Mas, em algumas ocasiões, quando o motor queimar, ao invés de recuperá-lo, geralmente, compensa substituí-lo por um mais eficiente.
O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Carlos Faria, informa que a representatividade da energia nos custos de cada empresa varia muito, dependendo, principalmente, do segmento em que atua, podendo ir de patamares de 4% a 25%. Entre as áreas que mais consomem energia estão as de siderurgia, transformação, entre outras. Em 2012, o setor industrial foi responsável por 41% do consumo de energia no Brasil.